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Anápolis, GO, Brazil
Pretendo ainda ser filósofo. Quero um dia ser poeta. Por agora, no entanto, me contento em compartilhar como as nuances da existência afetam meus sentidos. Elas não me definem por inteiro, mas contribuem imensamente.

segunda-feira, julho 19, 2010

Mudanças, mudanças! Maldita mudança!

   Sofia, a linda morena com sorriso espontâneo, ingênuo e cativante, com cabelos negros, de fios lisos e suaves como seda, diz para David – Every passing minute is another chance to turn it all around.
   A intenção da bela Sofia era incentivar David a transformar sua vida; de fazer o rapaz tomar as rédeas da própria vida. O recomeço, nesse caso, refere-se à mudança daquilo que deve ser retomado, aprimorado; aos problemas que precisam de solução; à vida que exige ser encarada.
   Bob Dylan, em uma canção, diz – For the times they are a-changin’.
   Ele se refere ao mundo, à sociedade; aos tempos como uma época de transformações iminentes e capazes de nos tornar pessoas melhores. A música toda destaca a necessidade de mudanças e a responsabilidade que devemos ter com o mundo que construímos para nós mesmo.
   As citações acima falam de mudanças. E mudanças são necessárias. Contudo, algumas delas são dolorosas e sofridas, além de difíceis. Todos nós, em algum momento, pelos mais diversos motivos, já desejamos ou precisamos mudar. Com certeza já cogitamos mudar de emprego, de cidade, de carro, mudar nosso mau humor talvez. Já pensamos em levar a vida de uma maneira mais leve, com mais tranqüilidade, nos tornar pessoas melhores. Mas, algumas transformações não dependem de nossa vontade e nos assolam em uma sexta feira nada qualquer, em meio a um sorriso, em meio a uma calmaria quase inabalável.
   A menina mais querida, que se tornou irremediavelmente especial ao longo de poucos meses, disse – Eu estou em dúvida sobre nós. Talvez não devêssemos nos ver mais – sentenciando o amor. Eis a mudança fatal! A mudança indesejada e forçosa que vai além da vontade daquele ainda enamorado.
   A grande tragédia, quando se perde um amor, está em expulsar o sentimento que nos invadiu. A paixão chega sem aviso, sem cerimônias e nos toma, se apossa da alma. E com a mesma força com que chega é que precisa ser expulsa. Mas como fazer isso, uma vez que é uma força maior que nossa vontade? É uma força descomunal e que nós mesmos não possuímos.
   O tempo é um deus mais forte que a paixão, no entanto, ele também é mais lento. E durante a lentidão com que o tempo labuta o amante abandonado sofre. Ele chega até a desejar o sofrimento, pois é o sinal de que o amor ainda não o abandonou. Sofrer é o sinal de que a paixão ainda não abandonou a alma.
Deixar de amar é uma mudança que independe de nossa vontade, assim como começar. A diferença está na alegria, do início, e no sofrimento, do término.
   Não há, enfim, o que possamos fazer pra impedir a mudança do sentimento amoroso. Mas descobrir como tornar as coisas iguais ao começo, reencontrar a alegria da descoberta da paixão é possível. Essa é uma mudança sujeita a nossa vontade. Isso é o que nos dá forças para continuar e para sofrer sempre de novo a cada perda.
   As decepções, as mudanças, amorosas são demasiado cruéis, mas não há o que possamos fazer senão seguir as palavras de Vitor Hugo, “Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele”. Afinal, ser romântico é mesmo incurável.

terça-feira, julho 13, 2010

Nesta noite.

Deixa as estrelas se estilhaçarem e suas ondas penetrarem em nossa órbita.
Deixa o universo em seu destino enquanto cruzamos a escuridão.
Deixa o que fica como está e fica junto de mim nesta noite, que é noite de tempo raro.

Amiguinha.

Conheci uma menina com olhos lindos
Olhos de felina, profundos e claros
Com a pele lisa e suave como uma pétala
De flor aveludada e espinhos raros

Conheci uma nova amiga alegre e linda
Com grande coração e esperança
Mas que guarda também tristeza
Atrás de um sorriso de criança.

Não sei o que dizer para confortá-la
Sei menos da vida que qualquer um
Só posso torcer por bons sonhos
E que pesadelos não haja nenhum.

Enfim, não se entristeça minha amiga
E trate de ser feliz, não espere!
Só se vive uma vez e, além disso,
Já disse o poeta, “a vida é breve”.

terça-feira, julho 06, 2010

Para a lua.

Ah! Doce lua,
Por sonhos, sustentada.
Rainha de face encantada,
Por poetas, exaltada.

Ah! Linda lua,
Por amantes, admirada.
Senhora ainda enamorada,
Por músicos, embalada.

Ah! Branca lua,
Por tantas noites, enfatizada.
Feiticeira de mágica eternizada,
Por deuses, embelezada.

Ah! Louca lua
Que me esquenta.
Musa clara que me tenta.
Concede a mim a riqueza
De ter nos braços uma princesa,
Tão doce e linda
Que me roube os sonhos;
Tão branca e louca
Que me faça amante
E que seja só minha
Como tu nunca serás.

Cemitério meu.

Os túmulos abertos em meu peito
Libertam minha pobreza.
O sangue que jorra por meus olhos
É negro e podre,
Como meus sonhos ausentes.
A pele coberta de vermes
Que regurgitam minha ignorância,
É seca e gélida.

Os túmulos abertos em meu peito
Libertam meus fantasmas.
O coração empedrado e oco
É o retrato do ódio,
Impregnado com desafeto.
As mãos com os punhos cerrados
Já se entregam à derrota,
Em prova de que nunca tive misericórdia.

Os túmulos abertos em meu peito
Libertam minha descrença.
Os ouvidos, calados ao grito de medo,
São os donos da consciência
Que me trouxe à masmorra.
A boca nua de verdades
É toda a indecência
De minhas palavras mórbidas.

Os túmulos abertos em meu peito
Libertam meus monstros.
O âmago rasgado,
Pela lâmina do caráter
É o reflexo da intolerância.
A face, com feridas expostas,
Explode de sarcasmo
E de tédio.

Os túmulos abertos em meu peito
Libertam minha essência.
O egoísmo,
Intolerável de minha corrupção
É a guilhotina da sentença.
A banalidade de meus anseios
É o muro liso
Onde a fraqueza me atira.

Os túmulos abertos em meu peito
Não libertam minha força.
Nem libertam minha esperança.
As covas abertas são o leito,
Fatal e inevitável
Do eterno fracasso onde morro.

Um céu de Raquel.

Vendo, hoje, uma pintura de Monet
Fiquei encantado e lembrei-me de você
O quadro tinha um lindo céu ao entardecer
Lindo como a linda Raquel que eu quero ter
Mas na bela pintura, tão cheia de cores
Não encontrei, porém, tantos amores
As nuvens não pareciam de verdade
Eram um pouco tristes, cheias de saudade
Da mesma saudade que eu sinto do céu
Onde a única estrela que brilha é Raquel
Estrela que fez surgir uma paixão improvável
Com seu brilho mágico, intenso, indecifrável
O mesmo brilho de seu sorriso infantil
Sorriso de menina lasciva e mulher sutil
O pintor que traçou na tela um céu errante
Previu minha dor de ver você tão distante
Depois que percorri seu corpo num prazer sem fim
O que fez você tornar-se, agora, dona de mim
Vendo, hoje, uma pintura de Monet
Fiquei encantado e lembrei-me de você
Mas penso em você sempre que vejo o céu
Onde a única estrela que brilha é Raquel.

Menino.

   Quando eu era menino, havia um jardim do lado esquerdo da minha casa. Havia tantos tipos de flores quanto há estrelas no céu e todas elas formavam um colorido tão bonito quanto meus sonhos de menino. Mais afastado um pouco, logo após o jardim, havia também um riacho. A água era tão clara e limpa! Era lindo ver os raios do sol atravessarem a água e iluminarem as pedras no fundo do riacho, que era mais puro que minha própria alma de menino. Do lado esquerdo de meu peito havia um coração que, eu acreditava, poderia bater para sempre, mas isso era coisa de menino. Agora, talvez meu coração não exista mais. Agora, o jardim morreu, as flores murcharam e o colorido delas desapareceu. O riacho não corre mais, secou; somente as pedras ficaram, mas o sol não as ilumina mais, parou.
   Às vezes ainda olho para o lado esquerdo tentando ver o jardim, o riacho e até meu coração, mas então eu lembro que tudo ficou no passado, que são apenas lembranças... de menino.

Romântico incurável?

   No dia 30 de Junho o ano de 2010 chegou ao meio. Decidi, por neste ano eu estar no que considero o meio de minha vida – discordando, em alguns anos, de Dante – criar este blog no qual uso meu verdadeiro nome. Tenho outros escritos já postados em blog, porém fazendo uso de alguns pseudônimos, que não revelarei, obviamente. Mas por estar da minha vida em meio da jornada e achar-me numa selva tenebrosa, tendo perdido a verdadeira estrada, plagiando Dante, considero o momento oportuno para revelar e compartilhar minhas reflexões, dúvidas e anseios existenciais. E começo, falando do sentimento mais prodigioso que podemos ter: o amor.
   Recentemente li uma citação – em um blog que recomendarei ao final – de Lord Tennyson sobre o amor. “Is better to have loved and lost than never have loved at all”, escreveu o poeta. Pensamento do qual começo a discordar, pois, como romântico incurável, sofri muito graças ao amor; e não creio que este sofrimento valha mais que sofrimento nenhum. Não vale mais, nem mesmo, que as alegrias. Pois a dor lancinante de perder um amor ninguém é capaz de suportar. Apenas o tempo, o maior dos deuses, é capaz de curar as chagas de um amor que se perde. E mesmo assim, mesmo alguém tendo o coração cicatrizado, essas cicatrizes sempre latejam e nos lembram da ferida que dói eternamente.
   Devo confessar que amei poucas vezes em minha vida e talvez não seja alguém digno de alertá-los sobre como é amargo o desgosto de perder um grande amor. Porém, eu amei intensamente; e amo agora, como nunca antes. Mas espero uma sentença que já me faz sofrer neste instante. E se o veredicto for: acho que não devemos nos ver mais, ou qualquer outra variação que me deixe só novamente, terei de dizer, e Lord Tennyson perdoe-me, que amar e perder tal amor não vale mais que não amar.
   Voltarei a este tema, após receber minha sentença. E espero, com todas as forças, poder ser mais otimista.

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