Sofia, a linda morena com sorriso espontâneo, ingênuo e cativante, com cabelos negros, de fios lisos e suaves como seda, diz para David – Every passing minute is another chance to turn it all around.
A intenção da bela Sofia era incentivar David a transformar sua vida; de fazer o rapaz tomar as rédeas da própria vida. O recomeço, nesse caso, refere-se à mudança daquilo que deve ser retomado, aprimorado; aos problemas que precisam de solução; à vida que exige ser encarada.
Bob Dylan, em uma canção, diz – For the times they are a-changin’.
Ele se refere ao mundo, à sociedade; aos tempos como uma época de transformações iminentes e capazes de nos tornar pessoas melhores. A música toda destaca a necessidade de mudanças e a responsabilidade que devemos ter com o mundo que construímos para nós mesmo.
As citações acima falam de mudanças. E mudanças são necessárias. Contudo, algumas delas são dolorosas e sofridas, além de difíceis. Todos nós, em algum momento, pelos mais diversos motivos, já desejamos ou precisamos mudar. Com certeza já cogitamos mudar de emprego, de cidade, de carro, mudar nosso mau humor talvez. Já pensamos em levar a vida de uma maneira mais leve, com mais tranqüilidade, nos tornar pessoas melhores. Mas, algumas transformações não dependem de nossa vontade e nos assolam em uma sexta feira nada qualquer, em meio a um sorriso, em meio a uma calmaria quase inabalável.
A menina mais querida, que se tornou irremediavelmente especial ao longo de poucos meses, disse – Eu estou em dúvida sobre nós. Talvez não devêssemos nos ver mais – sentenciando o amor. Eis a mudança fatal! A mudança indesejada e forçosa que vai além da vontade daquele ainda enamorado.
A grande tragédia, quando se perde um amor, está em expulsar o sentimento que nos invadiu. A paixão chega sem aviso, sem cerimônias e nos toma, se apossa da alma. E com a mesma força com que chega é que precisa ser expulsa. Mas como fazer isso, uma vez que é uma força maior que nossa vontade? É uma força descomunal e que nós mesmos não possuímos.
O tempo é um deus mais forte que a paixão, no entanto, ele também é mais lento. E durante a lentidão com que o tempo labuta o amante abandonado sofre. Ele chega até a desejar o sofrimento, pois é o sinal de que o amor ainda não o abandonou. Sofrer é o sinal de que a paixão ainda não abandonou a alma.
Deixar de amar é uma mudança que independe de nossa vontade, assim como começar. A diferença está na alegria, do início, e no sofrimento, do término.
Não há, enfim, o que possamos fazer pra impedir a mudança do sentimento amoroso. Mas descobrir como tornar as coisas iguais ao começo, reencontrar a alegria da descoberta da paixão é possível. Essa é uma mudança sujeita a nossa vontade. Isso é o que nos dá forças para continuar e para sofrer sempre de novo a cada perda.
As decepções, as mudanças, amorosas são demasiado cruéis, mas não há o que possamos fazer senão seguir as palavras de Vitor Hugo, “Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele”. Afinal, ser romântico é mesmo incurável.