Há alguns dias estive num concerto bastante eclético onde uma orquestra sinfônica presenteou o público com uma apresentação de obras eruditas de grandes compositores e versões inovadoras de obras populares. Após a apresentação tentei postar minha satisfação de ter apreciado uma orquestra de câmara, como há muito não fazia, mas me faltaram palavras. Agora, já de volta à rotina e tendo a música mais distante na memória, escrevo para lembrar meu deleite na tentativa de reencontrar aquela emoção.
Ouvi de um homem bastante sábio, certa vez, "A música é como a paixão: ela nos invade e nos toma por completo.". São palavras com as quais concordo plenamente. O "zumbido" dos violinos, o "tilintar" dos pratos, a "tensão" do piano são sons de uma poesia magnífica. Não há como não se emocionar com a música clássica. E mesmo quem diz não gostar entrega-se à magia do ritmo, intensidade das notas, quando decide ouvir uma sinfonia.
Quando ouvi uma orquestra sinfônica, ao vivo, pela primeira vez eu chorei, confesso. Costumo emocionar-me com facilidade, é verdade, mas isso porque permito que os sentidos penetrem em minha alma a fim de apreciar ao extremo as experiências que tenho. Há quem julgue um exagero, porém, eu fico feliz em saber que nem todos sentem de forma tão intensa a poesia de uma música rica em arranjos, ritmo e beleza. Surge em meu ser certo contentamento em saber que me diferencio dos demais quanto às emoções. Viver intensamente é fazer essa entrega, creio.
Devo acrescentar também que não apenas a música clássica possui poesia. A poesia é o sentimento que a arte desperta em nós quando a apreciamos. Talvez, e reforço, apenas talvez, uma obra de arte possua valor artístico e seja considerada de fato arte quando ela é capaz de nos emocionar de algum modo em algum grau. Não consigo descrever como gostaria o que senti, e sinto, quando ouço uma orquestra de câmara. De qualquer modo não posso levar alguém a sentir o mesmo. Mas sugiro que os mais resistentes aos clássicos esqueçam o rebolation por algum tempo, deixem de lado o sertanejo universitário, e escutem Mozart, Beethoven uma vez ao menos, de olhos fechados. Premitam-se uma experiência nova. E após terem feito isso, tendo gostado ou não, tendo sentido a poesia dos clássicos ou não, tentem emocionar-se mais com toda sua vida; com cada dia de sol; com cada alegria que tiverem. Com quase esforço nenhum perceberão que a poesia é uma só e ela não é muito diferente do amor, da paixão. E talvez, e reforço, apenas talvez seja a poesia a nossa própria existência.
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